Não
se deve perguntar a maioria se a minoria tem direitos. A luta pelos
direitos daqueles que historicamente se viram alijados em
necessidades básicas é progressiva e intermitentemente formada por
períodos de avanços e recuos, dando-se por esforços próprios em
abrir caminho frente aos valores cristalizados socialmente.
No
panorama mundial, um importante avanço se deu na Inglaterra –
posteriormente reverberando nos Estados Unidos – no que tange ao
direito de votar. Mulheres ativistas do final do século XIX, movidas
pelos novos valores humanitários e pela consciência urbana que a
segunda fase da Revolução Francesa instigou, se uniram na luta por
direitos políticos: em especial, poder exercer a cidadania pelo
voto.
Conhecidas
como “sufragetes”, tais mulheres legariam ao mundo valores
emancipatórios que encontrariam espaço apenas em um Brasil já
iniciado nos primeiros anos do século XX. Em 1907, a greve das
costureiras exigiu condições de trabalhos salubres e abriu espaço
para reivindicações a partir de tal acontecimento.
O
voto feminino viria a ser legalizado em 1932, já durante a Era
Vargas, mas cinco anos antes, a Justiça do estado do Rio Grande do
Norte (RN) já havia tornado a ativista Celina Guimarães Viana a primeira
eleitora registrada no Brasil. Muito tempo se passaria até ser
criado, em 1975, o Movimento Feminino pela Anistia no qual mulheres
se uniram para ver a ditadura militar brasileira ser questionada em
seus métodos atrozes de coerção social.
Só
em 1985, é criada na cidade de São Paulo, a primeira Delegacia de
Atendimento Especializado à Mulher, além da ação pelo Ministério
da Justiça em inaugurar o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
O Brasil se redemocratizava ao mesmo tempo em que consolidava valores
de igualdade no sexo, que fortalecem o ideal da democracia ocidental
moderna.
Mas
que rumos tomariam a partir de então o movimento que exigiu seus
direitos básicos queimando sutiãs em um contexto de efervescência
política, viu-se revigorado com o fim das trevas autoritárias do
militarismo brasileiro, e agora busca afirmação em um país de
muitos conflitos e poucas soluções?
Nesse mosaico
contemporâneo de relações múltiplas entre os sexos, referenciado
em muitos lugares distintos e com rumos incertos, nasce o Novo
Feminismo. Gerações recentes de mulheres se engajam à sua maneira
em um movimento que por vezes precisa chocar para se dar a ver. A
Marcha das Vadias – unindo mulheres de mais de 200 países em torno
de uma causa comum – prova que o desejo motriz do sexo feminino
ainda permanece o mesmo: poder escolher, optar por meios e estilos de
vida sem censura e discriminação. Os métodos mudaram, mas os
anseios permanecem pulsantes como naqueles idos anos 60...
Thiago Soares Crivelaro
“Sufragetes”
inglesas lutam pelo direito ao
voto na Inglaterra do século XIX
A
Marcha da Vadias levou mulheres às ruas
em prol da defesa do sexo
feminino em 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário