quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Das sufragetes à Marcha das Vadias


Não se deve perguntar a maioria se a minoria tem direitos. A luta pelos direitos daqueles que historicamente se viram alijados em necessidades básicas é progressiva e intermitentemente formada por períodos de avanços e recuos, dando-se por esforços próprios em abrir caminho frente aos valores cristalizados socialmente.

No panorama mundial, um importante avanço se deu na Inglaterra – posteriormente reverberando nos Estados Unidos – no que tange ao direito de votar. Mulheres ativistas do final do século XIX, movidas pelos novos valores humanitários e pela consciência urbana que a segunda fase da Revolução Francesa instigou, se uniram na luta por direitos políticos: em especial, poder exercer a cidadania pelo voto.

Conhecidas como “sufragetes”, tais mulheres legariam ao mundo valores emancipatórios que encontrariam espaço apenas em um Brasil já iniciado nos primeiros anos do século XX. Em 1907, a greve das costureiras exigiu condições de trabalhos salubres e abriu espaço para reivindicações a partir de tal acontecimento.

O voto feminino viria a ser legalizado em 1932, já durante a Era Vargas, mas cinco anos antes, a Justiça do estado do Rio Grande do Norte (RN) já havia tornado a ativista Celina Guimarães Viana a primeira eleitora registrada no Brasil. Muito tempo se passaria até ser criado, em 1975, o Movimento Feminino pela Anistia no qual mulheres se uniram para ver a ditadura militar brasileira ser questionada em seus métodos atrozes de coerção social.

Só em 1985, é criada na cidade de São Paulo, a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher, além da ação pelo Ministério da Justiça em inaugurar o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. O Brasil se redemocratizava ao mesmo tempo em que consolidava valores de igualdade no sexo, que fortalecem o ideal da democracia ocidental moderna.

Mas que rumos tomariam a partir de então o movimento que exigiu seus direitos básicos queimando sutiãs em um contexto de efervescência política, viu-se revigorado com o fim das trevas autoritárias do militarismo brasileiro, e agora busca afirmação em um país de muitos conflitos e poucas soluções?

Nesse mosaico contemporâneo de relações múltiplas entre os sexos, referenciado em muitos lugares distintos e com rumos incertos, nasce o Novo Feminismo. Gerações recentes de mulheres se engajam à sua maneira em um movimento que por vezes precisa chocar para se dar a ver. A Marcha das Vadias – unindo mulheres de mais de 200 países em torno de uma causa comum – prova que o desejo motriz do sexo feminino ainda permanece o mesmo: poder escolher, optar por meios e estilos de vida sem censura e discriminação. Os métodos mudaram, mas os anseios permanecem pulsantes como naqueles idos anos 60...


Thiago Soares Crivelaro
 
 
Sufragetes” inglesas lutam pelo direito ao
voto na Inglaterra do século XIX
 
 
 
 
A Marcha da Vadias levou mulheres às ruas
 em prol da defesa do sexo feminino em 2012

 
 


Os caminhos do pensamento feminista no século XX...


1) Margaret Mead (1901-1978)
 
 
 
 
2) Simone de Beauvoir (1908-1986)
 
 
 
 
 
3) Jacqueline Kennedy Onassis (1929-1994)

 
 
 
4) Susan Sontag (1933-2004)
 
 
 
 
5) Camille Paglia (1947-)
 
Mário Laggo

Aí que saudades da Amélia.

                                                                                             Nunca vi fazer tanta exigência

Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: "Meu filho, o que se há de fazer!” 
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade



A música “Ai que saudades da Ámélia”, a mulher de verdade. Desde 1941 é tocada no Brasil, ora com tom irônico, ora reiterando valores machistas. Ao que parece, ela foi escrita com esse propósito. Em 1941 iniciavam-se movimentos de libertação feminina que culminaram nos grandes movimentos dos anos 60.

A canção fala de um homem que já havia sido casado com uma mulher chamada Amélia, mas que por algum motivo (provavelmente falecimento, já que na época não havia divórcio, e Amélia era perfeita demais para ser deixada) vem a se casar com outra mulher. Dessa vez, ela faz “exigências”, não sabe o que é “consciência” (e provavelmente fala muito sobre isso), só “pensa em luxo e riqueza” e não enxerga que seu marido é um “pobre rapaz”. Amélia, contudo, passava fome ao lado dele, sem reclamar, ela achava “até bonito não ter o que comer”. 

Amélia era resignada, não possuía nenhuma vaidade, e por isso, para o narrador, era uma “mulher de verdade, é de se esperar que a “outra” é uma mulher falsa, mentirosa. Amélia é um mito na sociedade brasileira. 

Diálogo sem Fronteira - O Feminismo no Brasil e no Mundo - Margareth Rago






FEMINISMO, AFINAL O QUE É?

Feminismo é um movimento social, filosófico e político que tem como meta direitos equânimes (iguais) e uma vivência humana liberta de padrões opressores baseados em normas de gênero. Envolve diversos movimentos, teorias e filosofias advogando pela igualdade para homens e mulheres e a campanha pelos direitos das mulheres e seus interesses. De acordo com Maggie Humm e Rebecca Walker, a história do feminismo pode ser dividida em três "ondas". A primeira teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970, e a terceira teria ido da década de 1990 até a atualidade. teoria feminista surgiu destes movimentos femininos, e se manifesta em diversas disciplinas como a geografia feminista, a história feministae a crítica literária feminista.
O feminismo alterou principalmente as perspectivas predominantes em diversas áreas da sociedade ocidental, que vão da cultura ao direito. As ativistas femininas fizeram campanhas pelos direitos legais das mulheres (direitos de contrato, direitos de propriedade, direitos ao voto), pelo direito da mulher à sua autonomia e à integridade de seu corpo, pelos direitos ao aborto e pelos direitos reprodutivos (incluindo o acesso à contracepção e a cuidados pré-natais de qualidade), pela proteção de mulheres e garotas contra a violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, pelos direitos trabalhistas, incluindo a licença-maternidade e salários iguais, e todas as outras formas de discriminação.
ILUSTRAÇÕES








O feminismo é um movimento que só traz ódio para as pessoas com sua utópica idéia de igualdade já que somos diferentes.Somos orgulhosas de sermos mulheres e não queremos ser homens de saias como as vulgares e infelizes feministas desejam.


FEMEN

FEMEN EM BELO HORIZONTE



O grupo ativista Femen promoveu outro protesto na capital mineira no domingo (11). Desta vez, mulheres semi-nuas estiveram em frente a uma loja de moda feminina, na rua Carijós, no centro de BH, para manifestar contra a ditadura da beleza.

Este vídeo é uma prévia da filosofia do Femen e do Neo feminismo, defendido aqui no Brasil pela Sarah Whinter.
Elas consideram uma prévia pois um movimento não nasce com uma filosofia pronta, ela se desenvolve ao longo da vida, história desse movimento e seus ativistas, em suas experiências, dificuldades, vitórias, etc.

Ativistas do grupo Femen são comumente mostradas na mídia, semi nuas ou completamente nuas, protestando contra o provável aumento do turismo sexual durante o período da UEFA Euro, a ser realizada em junho na Ucrânia e na Polônia. A líder do grupo ainda promete em 2014 vir ao Brasil ajudar a protestar contra tal problema tão comum também no Brasil.

Matéria originalmente exibida em 06/06/2012, no Jornal Hoje, pela Rede Globo (BRA)

FEMEN BRASIL


Femen Brasil e a critica no TV Folha
Femen, organização ativista fundada em 2008.

O seu objetivo é o extermínio de práticas como Turismo sexual, exploração sexual de adultos e crianças, sexismo e todo tipo de patriarcado.










Trecho de uma reportagem.

Força mulheres

Vou ser muito franca. As feministas não devem pensar que descobriram a pólvora [...]. As feministas brasileiras procuram seguir as feministas inglesas ou americanas, o que não faz sentido num Terceiro Mundo, ou principalmente no continente latino-americano, onde nossos problemas são pão, teto, educação, saúde. [...] O feminismo é colocado no Rio, em São Paulo, em Porto Alegre e talvez em Belo Horizonte. Quem for falar em luta feminista no Nordeste sairá a pedradas. (Apud GOLDBERG, 1987, p. 27) 

Ontem e hoje, mudou alguma coisa?


Feminismo, ontem e hoje

O movimento, que muitos pensam fazer parte do passado, segue atuante e tem atraído novas gerações de militantes. Para especialistas, a luta pela igualdade de direitos continua - mas os desafios são outros

06 de março de 2011 | 10h 00
Depois de relevantes conquistas e com novos desafios pela frente, quais os rumos do feminismo hoje? Para relembrar a trajetória do movimento brasileiro desde os anos 1970 e discutir o seu papel nos dias atuais, o Feminino conversou com mulheres ligadas ao tema. Uma delas, a antropóloga e socióloga Lia Zanotta Machado, autora do livro Feminismo em Movimento (Editora Francis), fez um balanço dos momentos decisivos no Brasil. Aqui, por causa da ditadura, afirma Lia, a luta foi politicamente mais de esquerda do que as campanhas francesa e americana (consideradas mais liberais ):
Lia sugere intensificar discussões nas escolas - Dida Sampaio/AE
Dida Sampaio/AE
Lia sugere intensificar discussões nas escolas

- Em 1975 houve, no Rio de Janeiro, o Seminário sobre o Papel e o Comportamento da Mulher na Sociedade Brasileira. Foi o primeiro ato público em que as questões principais eram a condição da mulher no País, o trabalho, a saúde física e mental, a discriminação racial e a homossexualidade feminina, além do posicionamento a favor da democracia. Dois anos depois, foi aprovada a emenda do senador Nelson Carneiro, instituindo o divórcio. Foi uma espera de 27 anos.

Lia relembra, ainda, a forte repercussão, em 1976, do assassinato da milionária Ângela Diniz, praticado por seu namorado, Doca Street. Num primeiro julgamento, em 1979, ele foi inocentado sob o argumento de "legítima defesa da honra". Um ano depois, porém, após entrar no fórum sob vaias de feministas, foi condenado a 15 anos de prisão. O caso se tornou símbolo de uma virada histórica.
Anos depois, surgiram os grupos de SOS, com serviços de atendimento às mulheres vítimas da violência. "Seria a semente da criação, em 85, das Delegacias Especializadas das Mulheres, uma invenção brasileira cujo modelo foi copiado por países da América Latina", diz Lia.
A década de 80 foi fundamental, ainda, na luta das brasileiras em relação à saúde. Segundo a antropóloga, as propostas do Estado quanto ao controle de natalidade e à esterilização das mulheres sem acesso à informação recebiam duras críticas. Em resposta, movimentos feministas e profissionais da área médica propuseram o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) - um contraponto ao então atendimento quase exclusivo da mulher como mãe.

No período pré-Constituição, o CNDM articulou, junto com os conselhos estaduais e municipais e a Bancada Feminina no Congresso, estratégias que visavam a inclusão dos direitos humanos das mulheres na Constituição de 1988. A campanha "Constituinte para valer tem que ter palavra de mulher" e o lobby do batom resultaram na "Carta das Mulheres aos Constituintes". Em 1988, a nova Constituição incorporou a maioria das reivindicações.
Antes da promulgação da Lei Maria da Penha, em 2006, a agressão doméstica era considerada uma violência contra os costumes e não contra a pessoa. "Com a lei, o homem que é denunciado deixa de ser réu primário", comenta Lia.
Entre os desafios atuais do movimento está a questão do aborto. "Existe um pensamento comum, nas classes média e baixa, de que quando se trata de uma pessoa próxima e cujas razões são conhecidas, o aborto é aceito. Mas é preciso pensar nas demais mulheres que, por circunstâncias afetivas, sociais e econômicas, não podem levar a gestação adiante", pondera a antropóloga.
Outra discussão é a participação das mulheres na política. Segundo a organização internacional União Interparlamentar, num ranking de 188 nações, o Brasil ocupa o 104º lugar em relação à presença feminina nos parlamentos. "Nesse âmbito, o fato histórico de termos uma mulher na presidência e mais ministras produz um efeito de desnaturalização do espaço masculino no poder", diz Lia.
A conclusão da estudiosa é que ainda há muito a fazer. "Um dos caminhos para promover profundas mudanças seria intensificar os debates sobre gênero e raça nas escolas, o que é feito hoje de forma periférica, através de livros paradidáticos."
Seriam as mulheres do campo mais organizadas do que as dos centros urbanos? Segundo a psicóloga Nalu Faria, coordenadora geral da Sempreviva Organização Feminista (SOF) e integrante da Secretaria Nacional da Marcha Mundial das Mulheres, realmente as trabalhadoras rurais constroem grandes articulações. "Mas há pontos de união em comum, como o trabalho, a soberania alimentar, a violência e a saúde."
Contraste. Por outro lado, um abismo divide as mulheres: na base estão as mais pobres e, no topo, as que ganham altos salários. "O acesso aos direitos não chegou a todas as camadas. No Brasil, as mulheres são as mais pobres, em particular as negras e rurais. Temos só 52 mulheres em cada 100 que estão no trabalho assalariado. Um dos pilares da Marcha é a luta por um salário mínimo mais digno, que impacte de forma positiva a vida dessas mulheres", afirma Nalu.
A violência, pauta do movimento desde os primórdios, ainda é um problema grave. "A cada 15 segundos, uma mulher é vítima de agressão no Brasil. Embora a Lei Maria da Penha tenha tornado o tema mais público, é importante trabalhar no âmbito da prevenção", afirma a psicóloga. "A violência, fruto da relação de poder, não acontece de uma hora para outra. Começa com o controle, o isolamento e a desqualificação da mulher, que se sente fragilizada, com baixa autoestima e economicamente dependente."
Nalu também destaca a questão do aborto. Apesar da criminalização no Código Penal, um número estimado de 1 milhão de procedimentos do tipo ocorrem anualmente no País. "O aborto inseguro é a terceira causa de morte materna. Somos a favor da descriminalização e legalização do aborto, mas é importante criar condições de a mulher não chegar até ele."
Outra plataforma forte da Marcha, explica Nalu, é o posicionamento contra a mercantilização do corpo feminino. O movimento rechaça a prostituição e o uso do corpo como um produto, ao considerar os sistemas de aliciamento da indústria da prostituição cada vez mais poderosos no turismo sexual e no tráfico de mulheres.
O movimento feminista foi revolucionário ao promover profundas mudanças na luta pela igualdade de direitos e independência das mulheres, observa Mônica Waldvogel, jornalista e apresentadora do programa Saia Justa. "Mas, muitas vezes, escuto de mulheres na faixa dos 40, 50 anos, a seguinte frase: ‘Não era isso o que eu queria pra mim’." Eis o dilema: "Preparadas, bem resolvidas quanto à equação carreira e família e com chances de chegar a altos postos nas empresas, elas param no meio do caminho".
Segundo Mônica, incorporar o modelo masculino de gestão engessa as mulheres de tal forma que elas caem fora. "Em Paradoxo Sexual, a autora Susan Pink propõe que cada gênero tenha liberdade para fazer escolhas diferentes. Segundo Pink, as mulheres precisam parar de agir como homens só para não se sentirem discriminadas." E, botando lenha na fogueira feminista, a jornalista afirma: "Há que se levar em conta uma conexão muito direta da mulher com a natureza. Ela é da ordem da Terra, um ser sujeito a influências das fases da Lua".

Vera Fiori, de O Estado de S.Paulo.

http://www.feminismo.org.br

www.feminismo.org.br


Todos os encontros e seminários feministas realizados nos últimos anos no Brasil têm apresentado, em suas conclusões, o reconhecimento unânime de que a formação e a educação são carências que precisam urgentemente ser tratadas pelas entidades feministas como meio de promover o empoderamento das mulheres e maior capacidade de ação das organizações feministas.

Poema


POEMA SOBRE O ABORTO

Poema (reflexão)


A FRAGILIDADE DA MODA
 O miserável requinte
Devora a sua silueta.
A aparência tira o apetite
E a miséria vende a etiqueta
Nefasta de magra,
A sofisticada opulência
Exige um ventre anoréxico
Ao estilo da culinária francesa.
A gordura é estética
E se manifesta em camadas
De maquiagens e acessórios
De migalha em migalha
A indústria da moda é soberba.
Cria vestidos e estilos
Fabrica necessidades superficiais
Das quais ninguém deseja
O controle do corpo
É a mente fragilizada.
Por lipoaspiração e silicone
Por ginástica e cirurgias-plástica
Um pouco mais do nada
É pra manter o prato cheio
Pois a ânsia do mendigo
É o anseio da modelo
Patrick Monteiro