quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Mário Laggo

Aí que saudades da Amélia.

                                                                                             Nunca vi fazer tanta exigência

Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: "Meu filho, o que se há de fazer!” 
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade



A música “Ai que saudades da Ámélia”, a mulher de verdade. Desde 1941 é tocada no Brasil, ora com tom irônico, ora reiterando valores machistas. Ao que parece, ela foi escrita com esse propósito. Em 1941 iniciavam-se movimentos de libertação feminina que culminaram nos grandes movimentos dos anos 60.

A canção fala de um homem que já havia sido casado com uma mulher chamada Amélia, mas que por algum motivo (provavelmente falecimento, já que na época não havia divórcio, e Amélia era perfeita demais para ser deixada) vem a se casar com outra mulher. Dessa vez, ela faz “exigências”, não sabe o que é “consciência” (e provavelmente fala muito sobre isso), só “pensa em luxo e riqueza” e não enxerga que seu marido é um “pobre rapaz”. Amélia, contudo, passava fome ao lado dele, sem reclamar, ela achava “até bonito não ter o que comer”. 

Amélia era resignada, não possuía nenhuma vaidade, e por isso, para o narrador, era uma “mulher de verdade, é de se esperar que a “outra” é uma mulher falsa, mentirosa. Amélia é um mito na sociedade brasileira. 

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